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- Começar a Acabar, de Samuel Beckett, com João Lagarto 7 de Novembro – 21h30 – Teatro Diogo Bernardes – Ponte de Lima
Começar a Acabar, de Samuel Beckett, com João Lagarto 7 de Novembro – 21h30 – Teatro Diogo Bernardes – Ponte de Lima
Fazendo justiça à principal razão para que foi construído, o Teatro Diogo Bernardes tem um público muito fiel para os espectáculos de teatro, razão pela qual a aposta na oferta desta área artística será para manter e, sempre que possível, alargar, trazendo a Ponte de Lima nomes e eventos teatrais que marcam a cena cultural nacional.
Assim, a 7 de Novembro, sábado, pelas 21h30, João Lagarto irá apresentar o monólogo "Começar a Acabar", de Samuel Becket, espectáculo que lhe mereceu o Globo de Ouro de Melhor Actor em 2006 e, no mesmo ano, o Prémio Melhor Actor da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, com Encenação, Tradução e Interpretação de João Lagarto, Música de Jorge Palma, Iluminação de José Carlos Gomes e Figurino de Ana Teresa Castelo, numa Co-produção: ACE / Teatro do Bolhão - Teatro Nacional D. Maria II.
Começar a Acabar é um trabalho dramatúrgico surpreendente elaborado por Samuel Beckett que revisita os momentos mais significativos da sua obra. Para João Lagarto, Começar a Acabar é, antes de mais, um profundo acto de amizade entre dois irlandeses proeminentes: o dramaturgo Samuel Beckett e o actor Jack Macgowran, de onde resultou um monólogo de uma espantosa unidade dramática que passa pelos poemas e pelas vozes de Krapp, Lucky, Molloy, Clov, Malone, entre outras. Celebração da errância temática e da confessionalidade que habitam a obra do autor, Começar a Acabar é a desconcertante confirmação da máxima beckettiana: "Não há nada no mundo mais cómico do que a infelicidade".
«Começar a Acabar resulta da amizade de dois homens - o dramaturgo Samuel Beckett e o actor Jack Macgowran. O projecto terá partido de MacGowran que no fim dos anos sessenta começou a tentar juntar fragmentos da obra do seu conterrâneo na forma de um monólogo que foi sempre, e em primeiro lugar, uma homenagem e um acto de amizade. Primeiro chamou-se End of Day e, ao que se sabe, dele fazia parte o Acto Sem Palavras 1, o monólogo de Lucky de À Espera de Godot e o fabuloso From an Abandonned Work of Art.
Beckett mantinha-se à distância até que, em 1970, se decide a intervir mais activamente. O monólogo passa a chamar-se Beggining to End e, não sendo uma obra nova de Beckett, é uma revisão de alguns dos seus textos mais emblemáticos montados num monólogo duma espantosa unidade dramática sobre a morte, ou melhor: sobre o fim. Beckett terá dito a certa altura do processo que a questão não estava nos fragmentos a utilizar mas sim na maneira de os agrupar. A situação é a de um homem que está a morrer e que entretanto vai contando histórias. Passamos pelas palavras de Krapp, de Lucky, de Molloy, de Clov e de Hamm, de Watt, de Malone, de Vladimir, pelos poemas e tudo acaba nas palavras finais desse livro único chamado o Inominável. O espectáculo estreou a 23 de Abril de 1970, no teatro Édouard VII para o "tout Paris" e continuou a sua carreira nos anos seguintes até à morte de Macgowran em 1973.
Nunca vi o monólogo, nem feito por MacGowran nem por ninguém (aliás não tenho conhecimento de ele ter voltado a ser feito) mas conheço o texto final e os vários fragmentos de que Beckett partiu para o construir, o que me permitiu assistir ao minucioso trabalho dramatúrgico que Beckett fez sobre os seus próprios textos. São partituras e quando assistimos ao autor a recortá-las, ou a traduzi-las, mais entendemos que o são. Quanto aos sem abrigo de Dublin também nunca conheci nenhum. Mas sempre me pareceu que os mendigos de Beckett não são mendigos sociais, são mendigos da alma - homens diante do mistério da morte, ou melhor do fim.»
João Lagarto
Bilhetes à venda (2,00€) e mais informações no Teatro Diogo Bernardes, pelo telefone 258 900 414 ou pelo email teatrodb@cm-pontedelima.pt.