Obra de Fernando Aldeia lançada no Auditório da Biblioteca Municipal de Ponte de Lima

O livro Da pedra ao sal, do sal à espuma, da autoria de Fernando Aldeia, foi lançado na passada sexta-feira, dia 06 de maio, no Auditório da Biblioteca Municipal de Ponte de Lima.

A apresentação esteve a cargo de Cláudio Lima, que destacou as principais características da mais recente criação literária do autor transmontano, cuja estrutura surge bipartida entre uma primeira parte dedicada à poesia e uma outra consagrada à prosa poética. Versos, minhas pedras de orvalho - assim abre o livro - reúne 37 composições líricas "de recorte clássico, verso quase sempre contido, através do qual o poeta retoma os inesgotáveis filões do seu mundo, interior e exterior, num continuum em vivência sentimental e aprofundamento reflexivo". Como se as pedras cantassem - assim se anuncia o segundo caderno - congrega 29 textos de poesia escrita em prosa, modalidade que "o autor vem cultivando com alguma regularidade e evidente entusiasmo". Citando João Lobo, prefaciador de Da pedra ao sal, do sal à espuma, Cláudio Lima realçou o elemento natureza como a grande fonte inspiradora das crónicas agora publicadas, que refletem a atenção do autor perante o mundo que o rodeia e lhe "inspira emoção, admiração, revolta ou inconformismo" e revelam a sua predisposição constante para "o diálogo com o passado, que lhe plasmou a personalidade, lhe incutiu a paixão pela beleza e a militância pela justiça". Efetivamente as memórias de infância atravessam vários textos e surgem evidenciadas em diferentes momentos. "É para o nordeste sempre presente que partirei como pássaro alado, à procura do odoroso mosto e dos outros cheiros que vivem dentro de mim" ou "Que saudades sinto do meu tempo de criança. Tinha um prazer infindo em trepar os choupos até ao último ramo e dali sentir-me o rei desafiador das alturas" são apenas duas frases que traduzem bem este apego à terra e às recordações de menino.

A apresentação, que contou com a presença de Paulo Barreiro de Sousa, Vereador da Educação da Câmara Municipal de Ponte de Lima, foi sendo intercalada com a leitura de alguns poemas pelo autor e por alguns dos presentes na plateia, o que permitiu uma maior interação entre público e escritor.

Natural de Vinhais, Fernando Aldeia - pseudónimo de Fernando Augusto Ferreirinha Antunes - foi membro fundador e presidente da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Braga, cidade onde reside. Encenou peças de teatro, protagonizou vários programas radiofónicos e colaborou em diversos jornais e revistas. Estudioso da obra de Miguel Torga, Fernando Aldeia integra a Academia de Letras de Trás-os-Montes e a Associação Portuguesa de Escritores.

Formado em Gestão, o autor apresenta um conjunto de títulos nas áreas da poesia, prosa poética, crónica e conto. Entre afectos e memórias (1978) foi o seu primeiro livro. Seguiram-se À flor da água, em 2000, Cada espiga tem seu grão, em 2001, As p

alavras sabem a terra, em 2006, Há gente neste chão, em 2011, e Sete gritos do mesmo chão, em 2013. Participou ainda no segundo volume de Vozes confluentes, com o trabalho Cláudio Lima: o poeta e a sua obra.

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