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- Escrever, Falar | Texto de Jacinto Lucas Pires, pela Movimento – Artistas Independentes | Encenação de Simão do Vale Africano e interpretação de Daniel Silva e Diogo Freitas | 1 de março – 22h00 – Teatro Diogo Bernardes – Ponte de Lima
Escrever, Falar | Texto de Jacinto Lucas Pires, pela Movimento – Artistas Independentes | Encenação de Simão do Vale Africano e interpretação de Daniel Silva e Diogo Freitas | 1 de março – 22h00 – Teatro Diogo Bernardes – Ponte de Lima
Sexta-feira, 1 de março, às 22h00, no Teatro Diogo Bernardes, em Ponte de Lima, dando início ao Mês do Teatro, a Movimento – Artistas Independentes apresenta Escrever, Falar, de Jacinto Lucas Pires, com encenação de Simão Do Vale Africano e interpretação de Daniel Silva e Diogo Freitas.
Em lugar nenhum. Dois homens encontram-se (ou simplesmente estão) e permitem-se partilhar as suas histórias como quem constrói um guião. Viajam repetidamente numa história (que são várias) que eles próprios vão moldando tal como o tempo os molda a eles e os faz crescer e ganhar corpo à medida que falam e escrevem um destino partilhado.
É um trabalho sintético de Jacinto Lucas Pires que, em cerca de uma hora, condensa as suas melhores qualidades como dramaturgo, trazendo-nos os seus personagens que crescem no arco de tempo dos próprios espectáculos e se encontram, se reescrevem quase como se pudéssemos assistir ao vivo e a cores ao fenómeno impalpável do aparecimento de uma pessoa em cena.
É uma breve viagem que dá sempre um passo atrás para rever o seu rumo e, sem o auxílio de qualquer sistema de navegação assistida, se vira novamente para dentro com o objectivo de se enriquecer nas palavras dos dois personagens.
Jacinto Lucas Pires escreveu esta peça para dois atores que se conheciam muito bem, tanto do ponto de vista pessoal como profissional; e quando o Daniel Silva e o Diogo Freitas se sentaram para a lerem pela primeira vez perceberam que essa proximidade é fundamental para o texto. Ele carece de conhecimento mútuo, porque trata um segredo que acontece quando estamos sozinhos com outra pessoa, carece dum espírito confessional que é quase exclusivo a um par. Para além disto, a própria linguagem dos personagens é recortada por hesitações, palavras perdidas, interjeições, que remetem os nossos ouvidos para uma fluidez do discurso que é típica de quem se conhece bem. É um cuidado especial derivado da importância do que está a ser dito, em conflito com a imensidão do que ainda está por dizer.
De acordo com as palavras do crítico Paulo Ribeiro da Silva (intro.pt), “O texto é chamado de “meta-literário”, esse palavrão tão disseminado, porque também, através dos diálogos, as personagens se situam espacial e emocionalmente numa peça que se desenrola “em tempo real”. A encenação acrescenta fisicalidade às cenas, originalmente parcas em didascálias, conferindo-lhes dinâmica e uma comicidade que quebra o dramatismo latente nas vidas que se vão desvelando a cada frase.” […]
Duas almas destroçadas detalham os despojos de uma batalha de cuja derrota são os únicos responsáveis, carregando de imagens memoráveis (a noite da chuvada com as flores amarelas afundadas no pântano, ou o incidente num daqueles “dabliú-cês (…) só para o pessoal que está a trabalhar” ao lado da amada que esperava por um encontro, são de antologia, em espectros diametralmente opostos de dramaticidade) um diálogo duro mas bem temperado, traduzido por actuações intensas e generosas de Daniel Silva e Diogo Freitas.”
Bilhetes à venda (4,00€) e mais informações no Teatro Diogo Bernardes, pelo telefone 258 900 414 ou pelo email teatrodb@cm-pontedelima.pt.