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Boletim Municipal, Nº 2, fevereiro de 1996

Boletim Municipal

Editorial

No mês de dezembro o Dr. Jorge Sampaio, candidato à Presidência da República, solicitou ao Presidente da Câmara Municipal, através dos seus serviços de candidatura, ser recebido nos Paços de Concelho no dia nove de janeiro, aquando da sua passagem por Ponte de Lima.

Como era óbvio e à semelhança do que já havia acontecido em 1992 com o Eng.º António Guterres do PS e em 1994 com o candidato Luís Sá da CDU, o Presidente da Câmara comunicou a sua disponibilidade para receber o candidato. Penso que essa é uma obrigação de qualquer Presidente da Câmara, uma vez que só o diálogo pode levar ao aprofundamento das relações entre pessoas e instituições e só esse procedimento garante o funcionamento pleno do sistema democrático e a dignificação do Poder Local. É um dever e uma obrigação acima dos partidos e das doutrinas políticas.

Ao receber um candidato, seja ele qual fôr, o Presidente da Câmara cumpre o dever de representar a atitude construtiva e dialogante de uma população e de um concelho que só tem a ganhar com ações que evidenciam uma profunda responsabilidade política e um alto sentido de Poder Local.

Por tal facto, não entendo porque razão alguns responsáveis políticos do nosso concelho ousaram defender o fecho das portas ao candidato Jorge Sampaio, apesar de saberem que o Presidente da Câmara manifestou junto dos responsáveis locais e nacionais da candidatura do Professor Cavaco Silva inteira e idêntica disponibilidade para receber aquele candidato nos Paços do Concelho.

Estaria o Presidente da Câmara de Ponte de Lima a defender o concelho ao fechar a porta a um candidato presidencial?

Qual seria a atitude de um Presidente da República a um convite para visitar o concelho depois de lhe terem recusado um pedido para ser recebido na sede do município, ainda que na qualidade de candidato?

É preciso que a tolerância, o diálogo e a democracia se provem nos atos e não apenas nas palavras ou nas frases dos comunicados. É preciso que os responsáveis políticos não sejam mais mesquinhos que os já habituais do burgo.

Enquanto for Presidente da Câmara quero que o município mantenha a sua fama e tradição. Por isso, recusarei a instrumentalização partidária para servir de arma de divisão dos reais interesses do concelho. Após a eleição, o Presidente da Câmara e a Câmara Municipal têm a obrigação de representar todos os Limianos e não apenas aqueles que eventualmente os tenham eleito.

Dos atos e, sobretudo das intenções, daqueles que defenderam o fecho das portas tirarão os munícipes a sua própria conclusão.

Com um abraço amigo

Daniel Campelo
Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima

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Boletim Municipal, N.º 2, 1996

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