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Boletim Municipal, Nº 11, julho de 2000

Boletim Municipal

Editorial

Como se tratasse de um Governo de ditadura imperial do 3° Mundo, aconteceu no caso do "Queijo Limiano" algo de inédito e de incrível. Tão incrível que leva qualquer cidadão sério a pensar que talvez Portugal não seja um Estado de Direito e muito menos um Estado Democrático.

No caso do "Limiano" o dinheiro falou mais alto. O Governo abdicou do dever de defender a justiça e de defender Portugal, para defender com unhas e dentes uma estratégia ditada por interesses económicos de grandes grupos, quiçá orquestrada por sociedades secretas que há muito mandam mais que o próprio povo e que os próprios orgãos de soberania da dita República.

A atitude de Victor Ramalho, coberta estranhamente pelo seu Ministro da Eoqnomia e pelo próprio Primeiro Ministro, constitui uma vergonha para a Administração Pública e um -descrédito para a Democracia. Tal atitude desculpa todas as golpadas da Administração, por baixo ou por cima da mesa. Incentiva a vitória do capital sobre os valores da moral e da ética na Administração Pública. Dá razão aos que cada vez mais desacreditam nos políticos e que impedem que mais gente séria se candidate a cargos políticos.

Esta tentativa de roubo de um Património que só aos Limianos pertence deve fazer refletir todos os Portugueses que pensam de boa fé o futuro do País e criar uma consciência nacional que exija na governação gente seria e capaz de defender os interesses de Portugal e de todas as suas parcelas, mesmo que tenham pouca gente ou pequeno peso económico.

Que se desiludam aqueles que esperam pelos "messias" vindos de Lisboa para defender a nossa terra e para fazer o nosso desenvolvimento. Ninguém o fará por nós e muito menos o farão se nós não exigirmos aquilo a que temos direito.

A experiência do caso do "Limiano" e a força que tal revolta motivou na maior parte dos Limianos deve servir para unir ainda mais as forças vivas do Concelho na afirmação do nosso próprio futuro. Não só no futuro do fabrico de um queijo verdadeiramente Limiano mas num futuro em que haveremos de levantar a nossa voz para exigir aquilo que nos pertence por direito e por compensação do nosso trabalho do dia a dia.

nosso trabalho do dia a dia. No caso do "Queijo Limiano" vi quanto é difícil a muitos políticos afirmar na prática a apregoada coerência e até onde vai a dificuldade de alguns jornalistas em serem livres e obedecerem unicamente à sua consciência.

Neste processo vi o povo do meu Concelho afirmar a sua generosidade e o seu sentimento à Terra Mãe e gritar em uníssono a revolta contra a farsa palaciana daqueles que são capazes de tudo para obedecer ao dinheiro em nome de interesses estranhos ao País. Vi o grito dos cidadãos simples que sempre esperaram que alguém os defendesse dessa luta desproporcional e viciada pela própria força do poder económico das grandes multinacionais ou dos grupos de pressão secretos e paralelos, frequentemente com mais força e poder que as próprias organizações do Estado.

Preparemo-nos para o futuro porque esta não foi a primeira tentativa de roubo nem será concerteza a última intentada pelos escravos do dinheiro e da globalização que começa a pôr em causa o próprio sistema democrático e, muito mais ainda, todos os sistemas agrários e rurais da nossa região e do próprio País.

Daniel Campelo
Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima

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Boletim Municipal, N.º 11, 2000

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